Sinopse
Fantasmas do Império explora o imaginário colonial no cinema português desde o início do século XX. 100 anos de cinema... Aos documentários e ficções que sustentam o enredo imperialista, contrapõem-se filmes e olhares contemporâneos.
Sete cineastas portugueses – Fernando Matos Silva, João Botelho, Margarida Cardoso, Hugo Vieira da Silva, Ivo M. Ferreira, Manuel Faria de Almeida, Joaquim Lopes Barbosa - abrem os cofres da memória cinematográfica colonial, dialogando com dois actores, Ângelo Torres, são-tomense, e Orlando Sérgio, angolano. Perscrutam o passado, real, reinventado ou recalcado que ainda hoje assombra as memórias: os mitos das descobertas, a ficção imperial, a fábrica da epopeia colonial, as máscaras da violenta dominação. José Manuel Costa, director da Cinemateca, e Maria do Carmo Piçarra, pesquisadora, trazem perspectivas na história da produção cinematográfica.
Juntando fragmentos cinematográficos heterogéneos e pontos de vista diversos, Fantasmas do Império foca as variações de olhares, especialmente sobre “o outro”, o “colonizado” de outrora, porém perene concidadão e conterrâneo da nossa comum humanidade. Jogando com ecos, contrapontos, contrastes entre situações, imagens, diálogos, músicas, o filme propõe um enredo de imaginários e atitudes, de memórias e emoções.
Fica a interrogação sobre a persistência dos fantasmas hoje no cinema, no audiovisual, na cultura, na sociedade.
Trailer
Imagens
Entre Portugal, Brasil, África, Ariel de Bigault, autora e realizadora francesa, tem percorrido rotas da lusofonia. O percurso cinematográfico começou em Lisboa com a realização de documentários. O encontro com o Brasil deu-se pela investigação sobre a imagem do Negro, especialmente no cinema. A serie documental Éclats Noirs du Samba (4 x 55', 1987), com Gilberto Gil, Grande Othelo, Martinho da Vila, Paulo Moura, Zézé Motta, e grupos da musica popular sublinha a força e a diversidade da criação afro-brasileira. Seguiram-se trabalhos de pesquisa e divulgação das músicas africanas contemporâneas, sobretudo lusófonas, com a realização da Antologia das Musicas de Cabo Verde 1959-1992 (2 Cds, 1995), de Músicas Urbanas de Angola 1956-1998 (5 Cds. 1999) e a promoção de artistas lusafricanos, especialmente em França (Festival Atlântida, Paris, 1996 e 1997). O filme Canta Angola (58'. 2000) foca a resistência dos artistas da musica popular – Carlitos Vieira Dias, Carlos Burity, Irmãos Kafala, Paulo Flores, Banda Maravilha, entre outros - . A Televisão dos Angolanos (26'. 2006) analisa o espelho televisivo do país. Afro Lisboa (60'.1996) revela rostos e vozes de diversas gerações da imigração africana - com Orlando Sérgio, entre outros. 10 anos depois, Margem Atlântica (57'. 2006) apresenta autores, actores, músicos de origens africanas – Mariza, José Eduardo Agualusa, Kalaf Ângelo, Ângelo Torres - à conquista de espaço e público para as suas criações afro-lusófonas.
Em 2017, iniciou a pesquisa e escrita de Fantasmas do Império. Com o apoio inicial da Cinemateca Portuguesa, da produtora francesa Kidam e do canal tv Cine +, o projeto concretizou-se em 2018 com a produtora Ar de Filmes e o apoio financeiro do ICA. As filmagens foram realizadas em setembro 2019, a montagem de meados de outubro a final de dezembro. A pós-produção foi em Paris. O filme foi concluído a 1 de agosto de 2020.
A AR DE FILMES é uma produtora que se afirmou no panorama cultural português através da singularidade de produzir tanto cinema como teatro. Esta opção tem-se revelado bastante acertada, permitindo à produtora atravessar diversos momentos de crise, através da aposta na diversidade de financiamentos e de apoios, estratégia que fez com que a empresa tenha conseguido resultados excepcionais de solidez financeira e capacidade de liquidez. Em 2010, quando concluiu o FILME DO DESASSOSSEGO, deu o primeiro passo para consolidar a companhia de teatro, abrindo no ano seguinte o Teatro do Bairro, que hoje dá o nome à própria companhia. Por outro lado, a estrutura de teatro permitiu à AR DE FILMES sobreviver à crise que se prolongou nos anos seguintes na área do cinema e, mais tarde, deu à produtora condições excepcionais para a produção de OS MAIAS. O elenco da companhia (que participou, na íntegra, no filme) e o Teatro do Bairro (que foi palco para todo o tipo de ensaios e testes) foram instrumentos indispensáveis à produção e realização deste projeto. A AR DE FILMES está centrada no trabalho do seu produtor Alexandre Oliveira, que conduz as produções dos seus principais autores: João Botelho no cinema, António Pires no teatro e Luísa Costa Gomes na escrita (tanto para teatro como para cinema), mas tem vindo a estender no cinema o trabalho com outros cineastas, como Margarida Gil, Ariel de Bigault e André Marques.
Na área do teatro a empresa produziu mais de 35 espectáculos. Todas estas peças foram encenadas por António Pires. Na área do cinema evidenciam-se as duas longas-metragens de ficção que figuram na lista dos filmes portugueses mais vistos dos últimos 12 anos: FILME DO DESASSOSSEGO e OS MAIAS. No primeiro caso, a AR DE FILMES inovou extraordinariamente no modo de distribuir cinema português ao reinventar um novo circuito através de parcerias com os cineteatros municipais de todo o país, batendo o record de média de espectadores por sessão (150 espectadores, quase 10 vezes superior aos restantes filmes portugueses mais vistos). Outro aspeto desta inovação foi o facto de se ter chegado, pela primeira vez, com um filme português, a todos os distritos do país. No segundo caso, o filme OS MAIAS foi particularmente significativo porque, pela primeira vez, uma obra de inegável serviço público - a fixação em cinema de um livro de leitura obrigatória nas escolas - foi o filme mais visto do ano, consolidando-se entre os 10 mais vistos entre 2004 e 2014. Mais uma vez, foi sem dúvida a inovação na estratégia de comunicação da AR DE FILMES que permitiu este resultado. A tudo isto devemos acrescentar o circuito do ensino da disciplina de Português que visionou o filme, tendo o realizador acompanhado sessões que envolveram mais de 150 escolas, numa parceria com Ministério de Educação e a Associação de Professores de Português. Nos festivais e internacionalmente, a AR DE FILMES tem assegurado a circulação das obras, como afere a lista de festivais e mostras onde os filmes têm passado, cobrindo sempre mais de três continentes. Mas, sobretudo, orgulhamo-nos pela estreia do FILME DO DESASSOSSEGO em Nova Iorque, numa parceria com o museu MOMA, o TRIBECCA CINEMAS e a POETS HOUSE, e pela estreia de OS MAIAS no Brasil em novembro de 2015, que circulou com um número significativo de cópias em 10 cidades incluindo Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. CINEMA, MANOEL DE OLIVEIRA E EU teve um percurso único neste âmbito, tendo sido apresentado em mais de 35 festivais e mostras um pouco por todo o mundo, dos quais destacamos os festivais internacionais de LOCARNO, VIENNALE, MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA DE SÃO PAULO, CINEMA DU REEL e BAFICI em Buenos Aires entre outros. Todas as longas-metragens de ficção produzidas pela Ar de filmes receberam prémios, tanto ao nível nacional como internacional, bem como nomeações relevantes como foi o caso da PEREGRINAÇÃO que recebeu a nomeação portuguesa para os OSCARES e os GOYAS. À parte das longas-metragens, a Ar de Filmes produziu mais 18 filmes entre documentários e curtas-metragens. Em 2015, Alexandre Oliveira foi distinguido pela Academia de Produtores Culturais com o Prémio Natércia Campos para Melhor Produtor Cultural pela Academia de Produtores Culturais, pela “capacidade de se colocar ao serviço de uma significativa diversidade de criadores, linguagens, áreas artísticas e promotores.
Fundado em 2006 por Alexandre Perrier, a Kidam formou-se gradualmente entre projectos e encontros. Em 2010, François-Pierre Clavel juntou-se a Alexandre como produtor associado. A sinergia entre as suas actividades de produção, ambos se mostraram interessados, desde a primeira hora, na ideia de Autor. Para a sua singularidade, o Autor é o mais precioso elemento, sendo a verdadeiro fonte de riqueza e renovação das propostas cinematográficas. O objectivo é o foco em projectos conscientes e essenciais sob o olhar de um realizador emergente, seja em ficção ou documentário.
O programa da Kidam foi criado historicamente à volta de documentários culturais e criando-se uma sociedade de documentários e ficções para todos os ecrãs. O dinamismo da política do KIDAM está baseado na vontade de trazer um cinema eclético e em sintonia com a sua contemporaneidade, que pretende abolir as barreiras entre o chamado filme de autor e o do mercado. Ciente das mudanças que impulsionam o cinema, a empresa está se a desenvolver internacionalmente para encontrar os modelos de financiamento do amanhã, respeitando o modelo de Financiamento francês que permite filmes singulares.
Participação
 
João Botelho
Margarida Cardoso
Ivo M. Ferreira
Fernando Matos Silva
Hugo Vieira da Silva
Orlando Sérgio
Ângelo Torres
Manuel Faria de Almeida
Joaquim Lopes Barbosa
José Manuel Costa
Maria do Carmo Piçarra
 
Equipa técnica
 
Diretor de Fotografia
Leonardo Simões
Assistente de Realização
Nuno Milagre
Engenheiro de Som
Antonio P. Figueiredo
Diretor de Produção
Pedro Bento
Montagem
Micael Espinha
Montagem Som
Clément Chauvelle e Paulo Abelho
Misturas
Clément Chauvelle e Jérôme Isnard
Correcção de Cor
Reda Berbar
Diretor de pós-produção
François Nabos
Música original
Jon Luz
 
Agradecimentos
 
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Cinemateca Portuguesa
Museu do Cinema
José Manuel Costa – Director
Rui Machado – Subdirector
Sofia Cardoso –Secretária de Direcção
António Rodrigues – Programador
ANIM
ARQUIVO NACIONAL DAS IMAGENS EM MOVIMENTO
Tiago Baptista – Director
Sara Moreira – Supervisora de Acesso
Luís Gameiro – Técnico Superior
Paula Ribeiro – Secretária
ANIM
Digitalização das Matrizes Fílmicas
Franco Bosco
João Eiras
António Medeiros
Javier Mosqueda
AGRADECIMENTOS
Miguel Gomes
Luís Urbano – O Som e a Fúria
Paulo Branco – Leopardo Filmes
Maria João Mayer – Filmes do Tejo
Manuel Casimiro
Saúl Rafael – NOS LUSUMUNDO Audiovisuais
Centro de Audiovisuais do Exército
Mariana Escudeiro
Denis Leduc
Eduardo M.S. Diniz
Herdeiros Brum do Canto
Mário Almeida – Restaurante Espelho D’Água
Hernâni Monteiro – Bar Tabernáculo
Museu do Traje
Sociedade de Geografia de Lisboa
CCB – Centro Cultural de Belém
Lisbon Film Commission
Nicole Tsangaris
Alain Vachier