Temporada 2024 / 2025
5 de Novembro de 2024 a 30 de Abril de 2025
Terça a Sexta-feira
Duas sessões diárias
(de manhã às 11h00 e de tarde às 14h00)
É necessário reserva antecipada
Preço: 6,5€ . por aluno
Sujeito a um número mínimo de alunos. Gratuito para professores e acompanhantes
Para mais informações contacte-nos para o número 213 420 810.
A Ar de Filmes/Teatro do Bairro junta-se ao Castelo de São Jorge, um dos mais emblemáticos monumento da cidade de Lisboa e entre os mais visitados do ano, para proporcionar ao nosso público mais jovem uma visita de estudo enriquecida pelas inúmeras e interessantes ligações existentes entre a figura de Gil Vicente e o espaço do Castelo de São Jorge, lugar onde apresentou algumas das suas primeiras obras e onde ele próprio morou.
 
 
 
 
 
 
O AUTO DA BARCA DO INFERNO
Gil Vicente constrói uma alegoria onde os elementos fundamentais são um cais, as barcas e os seus arrais, que materializam a ideia da passagem para a morada eterna. Uma série de personagens vão chegando à praia, são os mortos que acabam de deixar o mundo. Cada personagem é representativa de certos tipos da sociedade quinhentista portuguesa. Mostram o seu carácter ao tentar com os seus argumentos justificar a entrada na barca do Paraíso. O Anjo e o Diabo, apontam e criticam os seus principais defeitos e faltas. Com esta sátira. Gil Vicente faz uma crítica cáustica e mordaz a vários tipos da sua sociedade, não poupando ricos, poderosos, pobres ou clérigos. No teatro, apesar de a peça ser só uma, a história que contém pode ser contada de várias maneiras. Ao estudar o texto surgem toda uma série de pormenores, ideias, críticas, opções que os artistas sentem como sendo os mais importantes de comunicar ao público. Tem de se decidir o rumo que se quer tomar, a maneira como se interpretam as personagens, como vão ser os cenários e os figurinos. Tudo isto com o objectivo de que a peça se torne o mais perceptível e interessante possível para o público e para quem a faz. Tem de ser uma coisa vivida, presente, com que se consiga realmente comunicar.
António Pires
 
 
 
 
 
 
GIL VICENTE
Mestre Gil Vicente nasceu no reinado de D. Afonso V, por volta de 1465. Testemunhou as lutas políticas do seu tempo (reinado de D. João II), a chegada de Vasco da Gama à Índia e a transformação de Lisboa no cais mundial da pimenta (reinado de D. Manuel). Presenciou também o crescimento do fausto no reinado de D. Manuel, a construção dos Jerónimos, a perseguição aos Judeus (apelidados de cristãos-novos) e a crise do reinado de D. João III. Assim, desenvolveu um espírito muito crítico e realista da sociedade portuguesa. Durante 35 anos, nas cortes de D. Manuel e de D. João III, foi uma espécie de organizador dos espectáculos palacianos, ganhando um prestígio que lhe permitiu certas liberdades e audácias nos seus textos. Este autor soube aproveitar a sua situação na corte para uma crítica atrevida de diversos vícios sociais, especialmente relativos à nobreza e ao clero. Fazia-as, no entanto, aparentemente ou realmente de acordo com o rei, com muita naturalidade e comicidade. Apesar de viver na corte, foi um poeta verdadeiramente popular graças, sobretudo, à sua expressividade. Escreveu cerca de 40 peças nas quais figuram, maioritariamente, personagens-tipo representativas das várias classes sociais, a par de uma galeria de personagens alegóricas e mitológicas como os Diabos e os Anjos. Lendo-se as peças vicentinas, É o povo português de há 400 anos que se vê desfilar. No entanto, todas as personagens se encontram tão bem definidas que ainda hoje parecem ser pessoas nossas conhecidas. O último auto de Gil Vicente data de 1536 . Os seus textos, que foram objecto de censura pela Inquisição, seriam postumamente compilados por um dos seus filhos, Luís Vicente. Além de mestre de retórica de D. Manuel, há estudiosos da vida de Gil Vicente que lhe atribuem uma outra profissão: a do ourives que cinzelou, entre outras peças, a famosa Custódia de Belém. Gil Vicente faleceu cerca de 1540.
 
 
 
 
 
 
CASTELO DE SÃO JORGE - VISITA GUIADA
O autor Gil Vicente e a sua emblemática obra “Auto da Barca do Inferno” são muito conhecidos do público em geral. Mas antes desta peça ter sido criada, houve o “Auto da Visitação”, ou “Monólogo do Vaqueiro”!
Foi encenada no Paço Real da Alcáçova, em 1502 e considerada como o episódio fundacional do teatro português. Através de uma visita guiada, iremos descobrir a obra de Gil Vicente, reconstruir a sua ligação aos reis e à casa real e relação com o Castelo de São Jorge.